terça-feira, 9 de março de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 55



MOVIMENTO MARITIMO NA BARRA DO DOURO


KEPLER /Galeria de Arte de autor desconhecido - Calendário de DG Neptun, Bremen/.


A 12/01/1931 o candidato António Duarte foi nomeado praticante a piloto da barra dos portos do Douro e Leixões e a 23 apresentou-se fardado, tendo às 17h40 dirigido a largada do navio-motor Alemão KEPLER, amarrado no quadro da Alfandega, sob a orientação do piloto efectivo de escala João António da Fonseca.

Naquele dia, além do KEPLER, saíram também os seguintes vapores: Alemão LAHNECK, piloto Mário Francisco da Madalena; Inglês DARINO, piloto João Pinto de Carvalho; Estoniano LINDA, piloto Bento da Costa e entraram o Alemão APOLLO, piloto Francisco Soares de Melo e o Francês LA GARONNE, 100m/2.611tb, unidade da frota do armador Compagnie Nantaise de Navigation à Vapeur, Nantes, o qual com os seus companheiros PENTHIEVRE, PENCHATEAU, PENHIR, PENERF, VAUCLUSE e ARZIK, passou a escalar com assiduidade os portos do Douro e Leixões, nas suas viagens para os principais portos de Marrocos ou para os portos de Nantes e Bordéus. Aquele vapor foi construído em 1906 e demolido em 1934 e fora transferido para a frota do armador Compagnie Generale Transatantique, Paris, tendo ido amarrar no lugar dos Vanzelleres a dois ferros, cabos passados para terra e ancorote dos pilotos pela popa, conduzido pelo piloto Eurico Pereira Franco.

KEPLER, 76m/1.236tb/10 nós; 08/1925 entregue pelo estaleiro Deutsche Werke AG, Kiel, ao armador Dampfs. Ges. Neptun, Bremen; 1942 em Skarpsborg; 1943 SPERRBRECHER 177 – navio destruidor de minas, Kriegsmarine; 1945 em Wilhemshaven; 1946 em Swinemunde entregue à USSR; 1946 VENTA, Armada Soviética; 1947 KULOY, Armada Soviética; 1958 PKZ-146, pontão, Armada Soviética; 1965 desmantelado para sucata. Navios gémeos: GAUSS e OLBERS.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Die Schiffe der DG Neptun – H.J. Abert

(continua)

Rui Amaro

segunda-feira, 8 de março de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 54


PILOTOS DE PREVENÇÃO A BORDO DE VAPORES ANCORADOS NA BACIA DO PORTO DE LEIXÕES DEVIDO AO MAU TEMPO



SIGNE carregando carvão em qualquer porto de Gales / Copyright - cortesia Danish Maritim Museum, Elsinore /.


A 02/01/1931, pelas 16h00, estando a soprar bastante vento de Sudoeste e grande maresia, foram requisitados para o porto de Leixões nove pilotos da estação da barra do Douro, Cantareira, a fim de irem ficar de prevenção a bordo dos seguintes vapores ancorados na Bacia: Ingleses CRESSADO, piloto Joel da Cunha Monteiro e OTTINGE, piloto Francisco Piedade; Dinamarqueses SIGNE, piloto Hermínio Gonçalves dos Reis e J. N. OLHSAM, piloto Júlio Pinto de Carvalho; Portugueses SHELL 15, piloto Aires Pereira Franco; SANTA IRENE, piloto Francisco Soares de Melo e o vapor pescador ALBERTOS, piloto José Fernandes Amaro Júnior; Norueguês SANTA CRUZ, piloto Eurico Pereira Franco e o Espanhol MARQUÊS DEL TURIA, piloto António Gonçalves dos Reis.

Os pilotos agregados à estação de Leça da Palmeira foram para bordo dos seguintes vapores, também ancorados na Bacia: Português MARIA AMÉLIA, piloto Júlio Pinto de Almeida; BENGUELA, piloto José Pinto Ribeiro; MALANGE, piloto Manuel Pinto da Costa; Inglês RUCKINGE, piloto Alfredo Pereira Franco. O Inglês PROCRIS e o Norueguês TEJO permaneceram na Bacia sem piloto embarcado.

Ao largo da costa avistavam-se os vapores Alemães ARION e TENERIFE, tendo chegado mais tarde o Alemão VESTA e o Norueguês BLANES. Os Alemães HERMES e OLDENBURG suspenderam e seguiram rumo do Sul para o porto de Lisboa, por instruções recebidas dos seus armadores. Dezanove daqueles vapores aguardavam melhoria de mar para entrarem na barra do Douro.

SIGNE – 76m/1.191tb/9nós; 05/1919 entregue por KJOBNJAVNS Flydedok, Copenhaga, para A/S D/S Torm (Torm Lines), Copenhaga; 1939 VOLTA, Merluzzo Italiano SA, Genova; 22/03/1943 Atacado e bombardeado por aeronave Aliada em Palermo, Sicilia.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index

(continua)

Rui Amaro

domingo, 7 de março de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 53



A TRAINEIRA ESPANHOLA “CONCEPCION” EM APUROS NA BARRA DO DOURO



A 13/12/1930, pelas 00h30, o piloto José Fernandes Amaro Júnior, que se encontrava de serviço, vinte e quatro horas, à estação de pilotos da Cantareira, quando já estava deitado, foi despertado pelos silvos aflitivos da sirene de qualquer embarcação em apuros, para os lados do cais do Relógio (Pilotos). De imediato, dirigiu-se para o local e deparou com uma traineira encalhada sobre a penedia da Eira, que tentava a todo custo safar-se.
Juntamente, com o contramestre da Corporação de Pilotos, João Piedade, meteu-se na caíque dos pilotos e à ginga dirigiram-se para a traineira, que era a Espanhola CONCEPCIÓN da praça de Vigo e fora apresada há alguns dias pela canhoneira NRP ZAIRE, quando fainava em águas territoriais portuguesas.
O mestre exibiu àquele piloto o documento relativo ao desembaraço da traineira, além do documento comprovativo do pagamento da multa aplicada pelo tribunal marítimo. De qualquer maneira, a Capitania foi desde logo alertada sobre a ocorrência.
Segundo o mestre informou, o encalhe deu-se devido a confusão com a bóia dos Arribadouros. Entretanto, parte da companha desembarcou. Às 05h30 a traineira desencalhou pelos seus próprios meios, recolheu os elementos da companha, que tinham vindo para terra e como estava dispensada de meter prático seguiu barra do Douro abaixo conduzida pelo seu mestre, rumando ao seu porto de armamento.
Fonte e desenho:: José Fernandes Amaro Júnior
(continua)
Rui Amaro