quinta-feira, 10 de junho de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 70

A FRAGATA MERCANTIL “MERCURIO” SOFRE UM ACIDENTE E PERDE-SE Á SAÍDA DA BARRA DO DOURO


O rebocador MARS 2º na bacia do porto de Leixões, arvorando a bandeira da Nordeutscher Lloyd, Bremen, prova que está a prestar assistência a um paquete daquele importante armador.


A 04/05/1931, pelas 19h00, saía a barra do Douro a fragata MERCÚRIO conduzida pelo rebocador MARS 2º, e quando alcançava o lugar da Forcada, meio do cais Velho, foi descaindo para cima da penedia da Ponta do Dente devido ao vento Sul forte, que se fazia sentir, pelo que o cabo de reboque se atravessou na bóia da barra e a fragata começou a embater nas pedras, partindo-se aquele cabo. Entretanto, o MARS 2º apitava, desesperadamente pedindo auxílio e a tripulação da fragata largou o ferro, tentando evitar o pior. Não tendo sido bem sucedida devido a ter penetrado pelo caneiro da praia das Pastoras, onde se deteve encalhada.

De imediato acorreram ao local os pilotos da barra com o seu material flutuante e por terra compareceu o pessoal da Estação de Socorros a Náufragos da Foz do Douro com o respectivo material de salvamento, que não chegou a ser necessário, uma vez que os tripulantes se serviram do bote de bordo e desembarcaram no areal da daquela praia.

MARS 2º - 31,88m/114tb/10nós/ casco de aço; 09/1909 entregue por Scott & Sons (Bowling), Glasgow, à The Booth Steamship Co., Ltd. (Booth Line), Liverpool; para assistência aos seus navios no porto de Leixões, vindo tomar o lugar do rebocador MARS, que se perdeu na grande cheia de 1909 do rio Douro; 1909 MARS 2º, Empresa de Transportes Fluviais e Marítimos, Lda., gestor Garland, Laidley & Co., Ltd., Porto; 1942 NAUTICUS, Companhia Colonial de Navegação, Lisboa, operando no tráfego fluvial e costeiro, na rebocagem dos batelões da companhia. Subsequente história não encontrada.

MERCURIO – armador A. J. Gonçalves de Moraes & Filhos, Porto, restantes detalhes não encontrados.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Lloyd’s Register of Shipping; imagem colecção de F. Cabral.

(continua)

Rui Amaro

quarta-feira, 9 de junho de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 69


O REBOCADOR “JUPITER” SAI A BARRA DO DOURO PELA ÚLTIMA VEZ





A 25/04/1931, pelas 10h55, conduzido pelo piloto João António da Fonseca, saiu a barra do Douro o rebocador JUPITER, arvorando a bandeira tricolor de França, com destino ao porto Senegalês de Dakar para onde foi vendido.

Aquele rebocador era o antigo JUPITER que prestou variados e bons serviços, sobretudo na costa e portos do Norte, em especial no rio Douro e porto de Leixões, capitaneado pelo mestre Francisco António Rosa, “O Salvaterra”, que timonando esse mesmo rebocador, envidou várias e arriscadas tentativas de aproximação ao vapor Alemão DEISTER, naufragado no cabeço da barra do Douro a 03/02/1929, a fim de resgatar os 24 tripulantes e o piloto da barra Jacinto José Pinto, que infelizmente todos eles acabaram por perder a vida no meio de enormes vagalhões e sob temporal desfeito, após cerca de seis horas de luta titânica contra uma morte certa.

O JUPITER juntamente com o MARS 2º, do mesmo armador, prestavam assistência aos vapores consignados à agência marítima Garland, Laidley & Co., Ltd., nomeadamente aos paquetes da Booth Line e da Lamport & Holt Line, de Liverpool, e ainda aos de outras agências.

JUPITER – 30m/116tb/450hp; 1915 entregue por Constants Kievits & C0.,Ltd., Dordrecht, como FOREMOST a interesses Ingleses; 19— JUPITER, Empresa de Transportes Fluviais e Maritimos, Lda., gestores Garland, Laidley & Co., Ltd, Porto; 04/1931 JUPITER, Sté des Messageries Africaines du Senegal. Dakar: 1945 rasto ainda não encontrado.

Fonte: Joaé Fernandes Amaro Júnior, Lloyd’s Register of Shipping; Foto Colecção F. Cabral

(continua)

Rui Amaro

segunda-feira, 7 de junho de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 68


A PRIMEIRA VIAGEM DO VAPOR ALEMÃO “DELIA” AO RIO DOURO




A 23/04/1931, pelas 06h40, entrou na barra do Douro, pela primeira vez, o moderno vapor Alemão DELIA do armador Dampfs. Ges. Neptun AG, Bremen, que passou a efectuar carreiras na linha Bremen, Roterdão, Anvers e portos da Península Ibérica, incluindo os portos do Douro/Leixões e Lisboa. O piloto José Pinto Ribeiro dirigiu as manobras até o amarrar no lugar de Oeste da Cábrea, sendo seu agente a firma W. Stuve Lda. Aquele vapor de linhas avançadas, proa tipo “Maier Form” e popa tipo “Cruiser”, foi construído em 1929 pelo estaleiro Atlas Werke AG, Bremen, e em 07/1941 foi requisitado pela “Kriegsmarine”, tendo sido transformado em unidade naval com o nome de SPERRBRECHER 62, todavia naquele mesmo ano foi o nome alterado para SPERRBRECHER 162. A 25/08/1944, ao largo do porto de Brest foi atingido por bombas da Força Aérea Aliada, ficando muito danificado e acabando por se afundar.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Dampfs. Ges. Neptun, Bremen.

(cotinua)

Rui Amaro

domingo, 6 de junho de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 67

A SAIDA DERRADEIRA DA BARRA DO DOURO DO LUGRE “NUN’ALVARES”


A 07/04/1931, pelas 10h00, saiu a barra do Douro em lastro o lugre à vela de três mastros Português NUN’ALVARES, da praça de Aveiro, piloto António Gonçalves dos Reis, conduzido pelo rebocador MARS 2º, o qual largou o cabo de reboque a cerca de meia milha da costa, seguindo aquele lugre mercante a todo o pano, aproveitando o vento de Nordeste, que se fazia sentir, de rumo ao porto de Lisboa.

A 8, pelas 15h00, foi recebido um rádio transmitido de bordo do paquete francês MARRAKECH da praça de Bordéus, pertencente ao armador Compagnie Generale Transatlantique,, French Line, Paris, comunicando, que aquele lugre se encontrava em chamas ao largo da costa Portuguesa, na latitude do cabo Mondego, ocasionando perigo para a navegação e que recolhera toda a tripulação, a qual seria desembarcada no porto Marroquino de Casablanca, local de destino daquele paquete.

NUN’ALVARES – 51m/350tb; 07/06/1921 entregue por José Lopes Ferreira Maiato, Viana do Castelo, como BRILHANTE à Sociedade Vianense de Cabotagem., Lda., Viana do Castelo; 27/03/1922 BRILHANTE, Sociedade Nacional de Pesca, Lda., Viana do Castelo; 06/03/1924 CONDESTÁVEL, Sociedade Condestável., Lda., Aveiro; 1930 NUN’ALVARES, Sociedade Nun’Alvares, Lda., Aveiro; 08/04/1931 NUN’ALVARES, naufragou por incêndio ao largo do Cabo Mondego.

Aquele lugre, além do tráfego comercial, também esteve empregue pelos seus vários armadores em campanhas da pesca do bacalhau nos Grandes Bancos da Terra Nova

MARRAKECH – data base e imagem, clicar link.

http://www.frenchlines.com/ship_en_311.php

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior; Lloyd’s Register of Shipping.

(continua)

Rui Amaro