sábado, 24 de julho de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 84

OS PAQUETES “QUANZA” E “NYASSA” DEMANDAM O PORTO DE LEIXÕES SOB MAU TEMPO E MUITO MAR



QUANZA / Postal da CNN década de 30 /.



A 08/11/1931, pelas 17h00, demandou o porto de Leixões ao sinal da lancha de pilotar posicionada entre molhes, sob forte vendaval de Sudoeste e muito mar, o paquete Português QUANZA, 133m/6.403tb/14 nós, da Companhia Nacional de Navegação, Lisboa, que procedia dos portos de Moçambique e de Angola com carga diversa e passageiros. O piloto Manuel Pinto da Costa, que subiu a bordo à entrada do porto, com bastante dificuldade, foi fundear aquele paquete ao sul a dois ferros.

A 10, pelas 08h00, apareceu à vista, vindo do porto de Lisboa, o paquete Português NYASSA, 145,75m/8.980tb/ 14 nós, da Companhia Nacional de Navegação, trazendo a bordo o piloto Júlio Pinto de Almeida, que fora embarcar àquele porto, contudo devido ao mau tempo e grande maresia teve de pairar ao largo, aguardando pela hora da preia-mar. Pelas 17h00, o NYASSA, debaixo de forte agitação marítima, entrou para a Bacia, fundeando a dois ferros junto da praia da Sardinha.




NYASSA / (c) desenho de Stuart - Imprensa /.



Cerca das 14h30, tinham-se atirado ao porto sob aquelas condições de mar e tempo, tendo recebido piloto junto dos molhes, o vapor Alemão LIPARI e o vapor de pesca Português FAFE, ambos fundeando ao Norte a dois ferros. Ao largo da costa pairavam o vapor Norueguês SISS, transportando carvão, que aguardava melhoria de tempo e mar para demandar a barra do Douro. No porto comercial do Douro encontravam-se despachados para sair e impossibilitados de cruzarem a barra devido à forte ondulação, as seguintes embarcações: vapor de pesca Português ESTRELA DO NORTE, lugre-motor Português FAYAL e ainda os vapores Noruegueses SISTO, TEJO e EROS.

Demandar o porto ao sinal, consistia do seguinte procedimento: A embarcação de pilotagem posicionava-se o mais próximo da entrada da barra e da rebentação e com uma vara bastante elevada, tendo no topo o galhardete representativo dos pilotos, que no caso Português, e naquele tempo, era de cor branca debruada a azul, tendo ao centro a letra P em azul, então o piloto de serviço ao navio dava ordens de comando para bordo, colocando a vara na vertical para o navio meter leme a meio, movendo à direita para rodar leme para estibordo e para meter leme a bombordo, vara movida à esquerda, e caso continuasse no rumo errado, o piloto movimentava a vara insistentemente até o navio retomar a navegação correcta.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior

(continua)

Rui Amaro


sexta-feira, 23 de julho de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 83

O VAPOR NORUEGUÊS “EROS” ENCALHA NA RESTINGA DO CABEDELO


A 09/11/1931, pelas 12h00, quando o vapor Norueguês EROS demandava a barra do Douro orientado pelo piloto Mário Francisco da Madalena, devido a um forte golpe de mar foi de guinada a estibordo, chegando por esse facto a encalhar na restinga do Cabedelo. Aquele piloto manobrou o vapor de marcha à ré e passado algum tempo conseguiu safá-lo do banco de areia, tendo então ido ao canal de navegação e seguido rio acima sem mais percalços, amarrando a dois ferros, cabos estabelecidos para a margem e ancorote dos pilotos ao lançante pele popa para Sudoeste, no lugar da Ribeira do Porto, a fim de proceder à descarga de bacalhau Islandês transportado desde o porto de Reykjavik.

EROS – 70m/ 973tb/ 9kn; 05/1922 entregue por Pusnaes Stoberi Mekaniska Verksted, Arendal, D/S A/S Eros, mgrs C. Konow, Bergen; 1932 EROS, D/S A/S Eros, mgrs Rederi A/S Rasmus F. Olsen, Bergen; 1940 EROS, Rederi A/S Rasmus F. Olsen, Bergen; 14/10/1941 atacado por 3 aeronaves da RAF ao Norte de Egersund, 1mn de Svaholmen, tendo rumado à costa a fim de não submergir e encalhando, sendo mais tarde considerado perda total construtiva. Não houve vítimas entre a equipagem.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Lloyd’s Register of Shipping; Norwegian Merchant Fleet 1939/45

(continua)

Rui Amaro

terça-feira, 20 de julho de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 82


TRÊS TRAINEIRAS SOFREM ACIDENTE NA BARRA E UMA DELAS ACABA POR SE AFUNDAR


Traineiras amarradas junto do centro piscatório da Afurada, estuário do Douro, década de 30


A 23/10/1931, pelas 10h00, entrava a barra do Douro a traineira NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO 1º, todavia no momento de manobrar para recuperar uma bateira, que vinha a reboque e se soltou, um dos gualdropes do leme partiu-se, fazendo-a desgovernar. Como o vento do quadrante Sul fosse bastante forte e a ondulação estivesse agitada, aquela traineira foi impelida contra o enrocamento do cais Velho, junto da penedia da Forcada, arrombando e submergindo em menos de dez minutos.

A tripulação, prevendo o perigo iminente, fez soar a sirene de bordo com vários toques de pedido de socorro, a que correspondeu o rebocador LUSITÂNIA, que se encontrava fundeado junto da bóia dos Arribadouros e que de imediato seguiu para o local do naufrágio, passando um cabo à bateira e à chalandra, nas quais se acolheram os nove homens da equipagem daquela traineira, que foram conduzidos para terra. Ao local do sinistro acorreram também duas lanchas dos pilotos, o salva-vidas GONÇALO DIAS da praia da Afurada e o CARVALHO ARAÚJO, este vindo, apressadamente do porto de Leixões.

A 26/10/1931, pelas 08h00, a traineira SENHORA DA GUIA 2ª demandava a barra do Douro e como fosse impotente para vencer a forte corrente de vazante, acabou por ir de encontro ao enrocamento do paredão da Meia Laranja, correndo sério risco de arrombar e consequentemente se afundar.

Verificando a critica situação da traineira, o piloto-mor Francisco Rodrigues Brandão ordenou a ida da lancha de pilotar P4 para o local e passado um cabo de reboque, auxiliou-a a desviar-se das pedras. Porém, não tendo sido o suficiente para a traineira vencer a forte corrente, foi estabelecido um cabo para terra, o qual foi puxado à sirga pelos inúmeros populares, que no cais presenciavam as manobras e que, voluntariamente deram a sua prestimosa colaboração, auxiliando aquela traineira a vencer a força da vazante e a seguir para montante sem mais percalços.

Pouco antes do incidente com a traineira SENHORA DA GUIA 2ª, uma outra traineira esteve quase encalhada nas pedras do cais do Touro, também devido à forte corrente, todavia com as manobras, diligentemente executadas, seguiu rio acima sem mais percalços.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior.

(continua)

Rui Amaro



domingo, 18 de julho de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 81

O PETROLEIRO INGLÊS “WANDSWORTH WORKS” DEMANDA O PORTO DE LEIXÕES PELA PRIMEIRA VEZ


A 30/09/1931, pelas 12h30, o petroleiro Inglês WANDSWORTH WORKS, entrou no porto de Leixões pela primeira vez sob a orientação do piloto Júlio Pinto de Almeida, que o foi amarrar de popa ao molhe Sul, cabos estabelecidos para terra e de proa a Norte a dois ferros, a fim de proceder à trasfega da gasolina que transportava para os recém-construidos depósitos da Vacuum Oil Co., localizados a pouca distância daquele molhe. Aquele petroleiro, que para a época era uma unidade de grande porte para o porto de Leixões, saiu no dia seguinte conduzido pelo mesmo piloto, que permanecera a bordo durante a estadia do navio, a fim de estar pronto a largar na eventualidade de qualquer emergência.

WANDSWORTH WORKS – 120m/ 4.926gt/ 11 nós; 04/1916 entregue pelo estaleiros Greenock & Grangemouth Dockyard Co., Ltd., Greenock, como VENNACHAR para o armador Gow Harrison & Co., Glasgow; 1923 WANDSWORTH WORKS, Vaccuum Oil Co., Rochester; 1932 COIMBRA, Empresa de Navegação Luso marroquina, Lda., Lisboa, continuando a operar para a Vacuum Oil Co. ; 13/11/1935 entregue a sucateiros para desmantelamento no porto de Lisboa.

Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Miramar Ship Index.

(continua)

Rui Amaro