sábado, 16 de outubro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 103

O PAQUETE INGLÉS “HOLBEIN” RECUPERA A AMARRA PERDIDA NA ESCALA ANTERIOR



A 30/10/1932, em viagem para Liverpool, o paquete Inglês HOLBEIN, que a 16/08 perdera a amarra de bombordo quando manobrava para abandonar o porto, em rota para o Brasil e Rio da Prata, escalou de novo o porto de Leixões, entrando às 07h00, piloto Júlio Pinto de Almeida, fundeando a meio da bacia a dois ferros, a fim de desembarcar e embarcar passageiros, e realizar operações comerciais.

Entretanto, com a colaboração e experiência dos pilotos Alfredo Pereira Franco, Manuel Pinto da Costa, José Fernandes Amaro Júnior, Bento da Costa, António Duarte e o piloto de serviço a bordo do paquete, além da tripulação da lancha P1, orientados pelo sota-piloto-mor António Joaquim de Matos e o cabo-piloto Paulino Pereira da Silva Soares, foi a corrente e o ferro, perdidos na viagem anterior, rocegados e, finalmente recuperados após várias tentativas, colocado a bordo do paquete. Para além das taxas de serviço de resgate daquele material, os agentes Garland, Laidley & Co. Ltd, gratificaram de forma voluntária cada elemento dos pilotos em 80$00.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior; Photoship Co., UK.

(continua)

Rui Amaro

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃOO DE PILOTOS DA BARRA DO DOUR E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 102

A CHALUPA INGLESA “MARY JANE” ARRIBOU AO PORTO DE LEIXÕES


Chalupa / Ketch


A 08/10/1932, pelas 08h00, arribou ao porto de Leixões para reabastecimento e descanso do seu único tripulante, um ousado navegador solitário, a chalupa de recreio Inglesa MARY JANE vinda do porto de Gijon e com destino à América do Norte. O piloto Manuel Pinto da Costa dirigiu a manobra de entrada e a amarração à bóia dos vasos de guerra, ao Norte.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior

(continua)

Rui Amaro

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 101

O NAVIO-ESCOLA “NRP SAGRES” DEMANDA O PORTO DE LEIXÕES PELA PRIMEIRA VEZ


O NRP SAGRES demandando o porto de Leixões em 14-08-1952 /Jornal O COMÉRCIO DO PORTO /.

A 18/09/1932, pelas 12h30, demandou o porto de Leixões, pela primeira vez, o NRP SAGRES, navio-escola da Armada Portuguesa, que aparelhava em barca de três mastros. Aquela famosa e útil unidade naval efectuava um cruzeiro de cadetes sob o comando Cten António Alemão de Cisneiros e Faria. A manobra de acesso ao porto foi dirigida pelo piloto Manuel Pinto da Costa, que a fez ancorar ao Norte a dois ferros, de onde passado três dias saiu conduzida pelo mesmo piloto, rumando ao Tejo.
Durante a sua estadia na bacia do porto de Leixões, aquele belo navio de velas da Marinha Nacional chamou aos cais próximos, uma enorme multidão de curiosos que não o deixaram de admirar.
NRP SAGRES, cff 97,85m/ cpp79,25m/ 3.116td – O segundo navio da Marinha Portuguesa a receber o nome SAGRES foi construído nos estaleiros da Rickmer C. Rickmers, em Geestmunde, na Alemanha em1896.
RICKMER RICKMERS foi o seu primeiro nome e pertencia ao armador Rickmer Reismuehlen, Rickmers Linie, Bremerhaven, companhia de navegação ainda hoje solidamente existente e operando uma potencial frota de modernos e funcionais navios de vários tipos e tráfegos em todas rotas mundiais, como sempre foi seu timbre, nomeadamente com os seus famosos “square riggers”.
Com casco e aparelho em aço, possuía três mastros e armava em galera. O mastro grande e o traquete eram prolongados com dois mastaréus, e a gata com apenas um. Nos dois primeiros cruzavam seis vergas. O navio possuía castelo e tombadilho e ainda duas superstruturas, a ré dos mastros grande e traquete. O seu interior encontrava-se dividido em três pavimentos.
Em 08/1896 iniciou a sua actividade na marinha mercante Alemã com uma tripulação de 22 homens.
Em 1904, quando se encontrava a navegar no Atlântico Sul, foi apanhado por um violento temporal tendo desarvorado o mastro da gata e perdido outras vergas. Arribou então à cidade do Cabo, na África do Sul, e aí foi sujeito às necessárias reparações para poder voltar a navegar. A partir de então passou a armar em barca.
Em 1912 foi vendido ao armador Carl C. Krabbenhoft & Boch, com sede em Hamburgo, e o seu novo proprietário registou-o com o nome de MAX.
Foi basicamente utilizado desde a sua construção, como navio de transporte de carga entre a Europa e os portos da Ásia e Américas. As principais matérias-primas transportadas foram os cereais, o carvão, o arroz e os nitratos.

O NRP SAGRES toda bela e donairosa mostrando a sua imponência ao largo de Portsmouth na década de 50 / Revista FLAMA /.

A barca MAX, que a 01/03/1916, devido à eclosão do conflito mundial, se encontrava internada no porto da Horta, nos Açores, com um carregamento de nitratos, foi então apresada por ordem do governo Português. Recebeu o nome de FLORES quando foi registada com bandeira de Portugal, tendo sido um dos 75 navios Germânicos e Austríacos que se refugiaram em portos do império Português no inicio da 1ª guerra mundial, tendo os mesmos sido requisitados e apreendidos entre 02 e 07/1916, pelo governo de Portugal, devido à ameaça de paralisação do seu comércio marítimo, motivada pelo estado de guerra iniciada em 1914, assim como da enorme carência de navios mercantes e para sua exploração foi formada a empresa estatal TME -Transportes Marítimos do Estado.
Em face de tal situação, e como motivo principal, o governo Alemão apresentou, a 09/03/1916 a sua declaração de guerra a Portugal, o que originou a sua entrada inesperada no conflito, vendo-se então o nosso país confrontado com a falta de meios navais, que tiveram de ser requisitados à marinha mercante e às pescas, tendo alguns navios sido adaptados a transportes militares, cruzadores auxiliares e draga-minas, etc.
No entanto, até 1920 aquele navio foi utilizado pelo governo Inglês, mantendo no entanto bandeira e tripulação Portuguesas.

A NRP SAGRES em Portsmouth na década de 50 /Revista FLAMA /.

A partir de 1920, integrado na frota do TME – Transportes Marítimos do Estado, de Lisboa, serviu como navio mercante de transporte de mercadorias entre Lisboa, Açores, África do Sul, Antilhas e portos Europeus em França e Espanha.
A 14/05/1924, depois de ter sido entregue ao Ministério da Marinha foi classificado como navio-escola.
Efectuou, entre 1927 e 1931, três viagens de instrução. Em 1931 foram instalados a bordo dois motores diesel e dois hélices de passo variável.
Em 1958 venceu a regata organizada pela Sail Training Association entre Brest e Las Palmas. O troféu pode ser visto hoje a bordo do navio em Hamburgo.
Como navio-escola teve uma guarnição de 181 homens mas chegou a embarcar, nalgumas viagens de instrução de cadetes e de alunos marinheiros, mais de 400 militares.
Neste período o navio navegou o equivalente a dez voltas ao mundo, tendo levado a todos os continentes, a Cruz de Cristo inscrita nas suas velas altaneiras a mensagem viva e fremente da Casa Lusitana ao mundo que os Portugueses descobriram e desbravaram, e aos povos que conheceram primeiro. A sua figura de proa, o busto forte, varonil e dominador do Infante D. Henrique, seu patrono, toda essa epopeia de Quinhentos, e nela a vocação marinheira de Portugal, encontra-se hoje no Museu de Marinha.

O NRP SAGRES em Portsmouth na década de 50 /Revista FLAMA /.

Em Setembro de 1961, poucos dias antes de o governo Português adquirir ao Brasil o navio-escola NE GUANABARA, navegou pela última vez com bandeira Portuguesa.
Na portaria nº 18997 de 30 de Janeiro de 1962, em que a novo NRP SAGRES, é aumentado ao efectivo dos navios da Armada, o seu antecessor foi classificado como navio-depósito, com o nome de NRP SANTO ANDRÉ. Em 1975 foi abatido ao efectivo dos navios da Armada Nacional.
Através de um protocolo, assinado no dia 28/04/1983, o navio foi entregue desguarnecido à fundação Alemã WINDJAMMER FUR HAMBURG, que em troca, entregou à Marinha de Guerra Portuguesa, o ANNE LINDE construído na Holanda em 1977, que passou a ser o NRP POLAR, 22,9m/ 70td., navio-escola, que arma em iate, dedicado à instrução e treino de cadetes da Escola Naval. O SANTO ANDRÉ foi então rebocado até Hamburgo, depois de um período de fabricos, que incluiu a pintura do casco com a cor verde original, foi aberto ao público como nsvio-museu com o seu primeiro nome original RICKMER RICKMERS. Alberga actualmente, entre outras funcionalidades, um restaurante e um museu, que conta com inúmeras peças cedidas, a título de empréstimo, pelo Museu de Marinha de Lisboa.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Imprensa diária; Revista da Armada nº 378 de 08/2005 – Cten António Manuel Gonçalves.
(continua)
Rui Amaro