sábado, 29 de janeiro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 147



O PILOTO JOSÉ FERNANDES AMARO JÚNIOR SOFRE GRAVE ACIDENTE AO DESEMBARCAR DO PAQUETE INGLÊS "HILARY" Á SAÍDA DO PORTO DE LEIXÕES


O RMS HILARY rumando a Liverpool junto do farol South Stack, Gales do Norte /autor desconhecido - postal da Booth Line /.


A 10/04/1934, dia de vento sudoeste fresco e bastante mar na costa. Na bacia do porto de Leixões, além das usuais embarcações de pesca e do tráfego local, estão fundeados dois vapores carvoeiros Estonianos, dois lugres e um palhabote Ingleses da praça de S. João da Terra Nova, abrigados do mau tempo e aguardando melhores condições de acesso à barra do Douro, além do salvadego Dinamarquês VALKYRIEN, que durante muitos anos fez estação no porto de Leixões e colaborou em vários salvamentos de navios em dificuldade no mar ou encalhados e ainda o vapor Português AVIZ varado no areal ao norte.

Às 17h00 acaba de entrar, debaixo de mar, o vapor de pesca Português SANTA FÉ vindo dos pesqueiros e após receber o piloto da barra Joaquim Alves Matias foi largar ferros à rebeça, na chamada Covada do molhe Sul. Às 18h00, a meio da bacia encontra-se ancorado o paquete Inglês HILARY, 135m/7.403tb, que entrara de véspera procedente de Manaus, Ilhas do Amazonas e Belém do Pará com passageiros e carga diversa, tendo embarcado em Leixões alguns passageiros e carga diversa para Liverpool. Está a suspender os ferros e a manobrar com o auxilio do rebocador MARS 2º, gerido por Garland, Laidley, que são os agentes daquele paquete da Booth Line, de maneira a posicionar-se de proa para oés-sudoeste, entre molhes, a fim de deixar o porto de Leixões e tentar desembarcar o piloto José Fernandes Amaro Júnior, que não estava nada interessado a ir desembarcar ao porto de Liverpool.


O piloto José Fernandes Amaro Júnior


Agora, aquele piloto da barra está nas escadas de quebra-costas, que se encontram suspensas contra o costado do navio. A ondulação entra forte pelo porto dentro e o navio já vai com seguimento para não desgovernar. A lancha de pilotos P3, de boca aberta, é por vezes atirada de encontro ao costado do paquete, pondo em risco a vida do piloto, apesar dos esforços do mestre e do motorista para o evitar e é numa dessas situações, que a lancha é elevada por uma volta de mar repentina e o piloto para não ser apanhado entre as duas embarcações, não hesita e lança-se para dentro da lancha, caindo sobre a caixa e a alavanca do motor, ficando inanimado, recuperando os sentidos apenas quando da chegada da lancha às escadas dos pilotos, no porto de Serviço. Resultado, ficou bastante maltratado e dois meses sem trabalhar, além das despesas com medicação e tratamentos terem sido de sua conta, o que não lhe foi fácil de aceitar, pelo que não se conformando levou o caso ao capitão do porto.


A lancha P-3 na bacia do porto de Leixões em 02/1985 vê-se aqui cabinada, conquanto ao tempo do acidente ainda não tinha sido instalada aquela superstrutura, era de boca aberta / Rui Amaro /.


Parece, que a corporação não tinha seguro para estas situações e isso era uma falta intolerável. Em face disso, o Chefe do Departamento Marítimo do Norte ordenou, que a corporação suportasse as referidas despesas e se estabelecesse um seguro, cobrindo todos os riscos, a que os pilotos e seus trabalhadores, eventualmente pudessem vir a sofrer de futuro.

Fonte: José Fernandes Amaro Júnior

(continua)

Rui Amaro


ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.

ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 146

O LORDE A MOTOR ALEMÃO "DEUTSCHLAND" VISITA O PORTO DE LEIXÕES E RIO DOURO


O DEUTSCHLAND sobe o rio Douro acompanhado pela lancha de pilotos P7 / Imprensa diária /.


A 09/04/1934, pelas 02h00, entrou no porto de Leixões o "lorde" armando em cúter de recreio de motor auxiliat Alemão DEUTSCHLAND, piloto José Fernandes Amaro Júnior, procedente dos portos de Southampton e Brest, conduzindo entre tripulantes e excursionistas sete pessoas, que pretendiam dar a volta ao mundo naquela pequena embarcação, contudo às 11h00 deixou o porto de Leixões e demandou a barra do Douro, piloto Francisco Soares de Melo, amarrando no lugar do cais do Bicalho e em sinal de sentimento pelos pescadores vitimados no naufrágio da traineira da parelha LAURINDA na restinga do Cabedelo, permaneceu com a bandeira imperial Alemã a meia-adriça, durante a sua estadia no rio Douro, após aquela grande tragédia. A 20 saiu a barra a reboque do LUSITÂNIA, piloto António Duarte, rumando ao porto de Barcelona.

Fonte: José Fernandes Amaro Junior

(continua)

Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.

ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 145

OS VAPORES NORUEGUÊS "ALA" E O PORTUGUÊS "SAN MIGUEL" SOFREM PERCALÇOS À ENTRADA DA BARRA


A 24/03/1934, pelas 07h00, demandava a barra do Douro o vapor Norueguês ALA, piloto Eurico Pereira Franco, que não conseguira entrar de véspera e devido a um forte estoque de água, desgovernou e foi sobre o cais do Touro, valendo-lhe ter lançado à água o ferro de estibordo, que foi desmanilhado e após algumas manobras conseguiu ir ao meio do rio e fez-se a montante, até dar fundo a um ferro no lugar da Fontinha, cabos para terra e ancorote dos pilotos pela popa para Noroeste.

Meia hora depois do incidente do ALA na barra do Douro, igual percalço sucedia ao vapor Português SAN MIGUEL, que apenas veio de proa até junto do enrocamento do mesmo cais, felizmente não chegando a bater nem a lançar ferro, graças a uma admirável manobra dirigida pelo piloto Joaquim Matias Alves, tendo seguido também rio acima até amarrar no lugar das escadas da Alfandega.

ALA - 66m/933tb; 06/1916 entregue por A/S Jarlso Vaerft, Tonsberg, a E. B. Aaby, Drammen; 10/1917 D/S A/S Ala, gestores E. B. Aaby, Cristiania; 1918 The Shipping Controller, mgrs. Emlyn Jones & Co., Londres; 1919 D/S A/S Ala, gestores E. B. Aaby, Cristiania; 1925 E. B. Aaby, Oslo; 03/1937 E. B. Aaby A/S, gestores E. B. Aaby, Oslo.

O ALA, que era um frequentador regular dos portos do Douro e Leixões, no tráfego de Inglaterra e França, juntamente com os vapores do seu armador DOURO, TEJO, SADO, FARO, MARS, TENTO e CRESCO, que eram mais conhecidos pelos “Marca A”, devido a ostentarem na pintura das chaminés aquela letra, quando com um carregamento completo de carvão, zarpara do porto de Port Talbot a 06/05/1941 de rumo ao porto de Swansea, a fim de se integrar, no dia seguinte, num comboio naval, mas devido ao facto da sua lotação da equipagem não se encontrar preenchida, ficou a aguardar por um próximo comboio. Porém devido a problemas técnicos, entretanto surgidos, a 10 seguiu isolado para o porto de Swansea. A 13 integrou-se num comboio com destino ao porto de Falmouth e a 16 abandonou o comboio e seguiu por sua conta e risco para o porto de Shoreham. Quando a 17 navegava a cerca de duas milhas daquele porto, surgiu nos ares uma esquadrilha de quatro aviões da “Luftwaffe”, que o atacaram a tiros de metralhadora. Os artilheiros de bordo ripostaram de imediato com as suas três metralhadoras antiaéreas. Mais tarde os aviões nazis regressaram e lançaram várias bombas sobre o ALA, acabando por ser atingido e danificado por duas delas, começando a querer submergir. A hospedeira de bordo, esposa do empregado de mesa, foi atingida por estilhaços quando procuravam refúgio. A tripulação composta por 16 elementos abandonou o vapor nos botes de bordo.

O ALA parecia continuar a resistir ao afundamento, pelo que o capitão e o seu imediato subiram a bordo, visto o vapor Norueguês BOTNE entrar em acção, tentando rebocá-lo para o porto mais próximo, auxiliado por um rebocador portuário. Os botes salva-vidas foram levados para terra por embarcações locais. A hospedeira acabou por falecer no hospital de Gosport. O ALA já em bom porto foi descarregado e sofreu reparações provisórias, no sentido de ser levado para o porto de Southampton, a fim de receber as reparações finais, todavia quando, já a reboque em rota para aquele porto, a 13 de Junho, ao largo de Selsey Bill, pouco antes da chegada, foi alvo de uma enorme explosão avante, que o fez submergir e segundo se apurou, o motivo da explosão fora devido às bombas, que o atingiram no ataque aéreo, tornarem-no num campo magnético, passando a ser um alvo fácil para atrair as minas. O imediato, que se encontrava na casa do leme, foi atingido por estruturas de cimento protectoras daquela dependência. Os náufragos, alguns bastante feridos, incluindo o capitão, imediato, e os dois maquinistas, todos salvos por um escoltador Inglês e pelo vapor Norueguês DOURO, seu gémeo e pertença do mesmo armador, que na ocasião navegavam nas imediações. O imediato não resistindo aos ferimentos, acabou por sucumbir no hospital.

Fontes: José Fernandes Amaro Junior; Lillesand Sjomannstorening; Norwegian Merchant Fleet 1939/1945; Lloyd's Register of Shipping.

(continua)

Rui Amaro


ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s) neste Blogue, o que muito se agradece.

ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.