sábado, 28 de julho de 2012

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 247

A ANTIGA CANHONEIRA “NRP LIMPOPO” DEMANDOU A BARRA DO DOURO, A FIM DE SER CONVERTIDA NUM BATELÃO

NRP LIMPOPO na bacia do porto de Leixões / desconhecido - colecção F. Cabral, Porto

A 06/05/1943, pelas 11h00, demandava a barra do Douro, procedente de Lisboa, trazida pelo rebocador URANO, a antiga canhoneira-mista NRP LIMPOPO, adquirida pela firma F. Garcia & Ca.,Lda, do Porto, a fim de a converter num batelão para o tráfego costeiro, indo amarrar junto da lingueta do Terreiro sob orientação do piloto José Fernandes Amaro Júnior.
NRP LIMPOPO (1) – imo 6100021/ 37,8m/ 288gt/ 11nós/ raio 1.800nm a 9nós/ guarnição 40 homens (2 oficiais, 6 sargentos e 32 praças/ armamento 2 peças hotchkiss de 47mm + 1 metralhadora Maxim de 8mm) / de principio aparelhava com dois mastros latinos, envergando um redondo no de vante. Além das velas do grande e do traquete possuía duas de estai, sendo a superfície vélica total dr 159m2; 1890 entregue pelo estaleiro Thames Ironworks Shipbuilding Co., Blackwall, à Marinha de Guerra Poruguesa. A NRP LIMPOPO passou a disponibilidade para ser entregue à Brigada Naval da Legião Portuguesa em 05/1939, e depois de meio século de bons serviços, a última canhoneira-mista da Marinha de Guerra Portuguesa foi abatida ao efectivo em 19/02/1943
Dentre outros feitos importantes distinguem-se os seguintes:
- 06/11/1904, quando a minúscula canhoneira LIMPOPO, comandada pelo 1º tenente João Carlos da Silva Nogueira, interceptou a numerosa esquadra imperial Russa, do almirante Rogestvensky, embarcado a bordo do couraçado KNIAZ SUVAROV, a quem deu 24 horas para abandonar a Baia dos Tigres, Angola, onde fundeara, local que escolhera para ser abastecida de carvão de vapores Alemães, que a aguardavam. A esquadra composta por couraçados, cruzadores e escoltas, que se dirigiam ao extremo-oriente, a fim de intervir na guerra Russo-Nipónica, onde mais tarde acabou por ser desbaratada pelas forças navais Japonesas, tendo o Almirante Russo acatado as ordens do 1º tenente Português, dado que Portugal considerava-se neutro naquele conflito.
De salientar que em 12/1930, quando o comandante do cruzador NRP VASCO DA GAMA, o capitão-de-fragata Silva Nogueira receberia em Tóquio o 2º grau da Ordem Tesouro Sagrado, condecoração conferida pela sua actuação na Baia dos Tigres, tendo sido o primeiro Português a quem foi atribuída tão elevada distinção do Império Japonês.
- 08/97/1912, um pouco antes da baixa-mar, o cruzador NRP ALMIRANTE REIS, ex DOM CARLOS l, 117m/ 4.263td, que era o maior vaso de guerra da Armada Portuguesa, encalhara diante da Vila de Esposende, tendo sido safo na maré-cheia com a colaboração da canhoneira-mista NRP LIMPOPO.
- 1917, a canhoneira-mista NRP LIMPOPO atacou na costa Portuguesa um submarino Alemão de grande porte, que lhe surgira pela proa, o qual vendo o destemor do comandante Português, colocou-se em fuga. Feito notável que foi enaltecido de imediato em toda a imprensa do país.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Revista da Armada.
(continua)
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 246

UM PILOTO DE LEIXÕES FOI DESEMBARCAR AO RIO DE JANEIRO DEVIDO À GRANDE AGITAÇÃO MARITIMA

Paquete NYASSA / CNN - colecção F. Cabral, Porto /.

                       Rebocador TRITÃO (1) amarrado no caneiro da Ínsua, Ouro, rio Douro / F. Cabral, Porto /.

A 11/12/1942, dia tempestuoso e de grande agitação marítima, pelas 16h30, sob orientação do piloto Francisco Luís Gonçalves, largava da doca nº 1 – Norte, do porto de Leixões, onde estivera a embarcar carga diversa e passageiros para os portos do Rio de Janeiro, Santos e Rio da Prata, e dado que a lancha de pilotos P1 não conseguira recolher aquele prático entre molhes, devido à forte ondulação que se fazia sentir, mesmo nesse local do porto, onde em outras ocasiões de mau tempo os pilotos desembarcavam, e alguns chegaram a sofrer acidentes, e uma vez que a lancha não poderia sair, foi decidido que o rebocador TRITÃO, da APDL, saísse ao encontro do NYASSA, que pairava ao largo, a fim de tentar a abordagem com o auxilio da catraia dos Pilotos, a nº 5, e gorada aquela tentativa, o comandante do NYASSA resolveu rumar ao Rio de Janeiro, levando o piloto Francisco Luís Gonçalves, em cujo porto passados alguns dias desembarcava.
Na chegada ao Rio de Janeiro, foi manchete da imprensa Brasileira, como um caso inédito na pilotagem portuária, tendo sido muito acarinhado pelos Cariocas, e sobretudo pela colónia Portuguesa do Rio de Janeiro, e muito particularmente pelo seu patricio e amigo Júlio Baptista, emigrado há bastantes anos naquela cidade e tio do autor do blogue, tendo ficado alojado em sua casa, até ao regresso do NYASSA ao Rio de Janeiro, onde embarcou de rumo à Pátria, porto de Lisboa, e dai por caminho-de-ferro para o Porto, ou melhor â Foz do Douro, onde residia.
Em outras ocasiões de mar agitado houve pilotos que foram desembarcar a Lisboa, Funchal, Ponta Delgada, Vigo, Corunha, Bilbao, Londres, Liverpool, e o pai do autor do texto, uma certa ocasião, já ia preparado para ir desembarcar a Boston, Mass., num “liberty ship”, felizmente a muito custo conseguiu ser recolhido pela lancha P1, se bem que o comandante, muito possivelmente desviaria a rota para Ponta Delgada. Em 1945, só num dia de muito mar, três vapores levaram os pilotos que os conduziam na largada para outros portos.
NYASSA - imo 5602600/ 145,75m/ 8.980tb/ 14 nós/ 800 passageiros e 166 tripulantes, foi construído em 1906 pelo estaleiro J. C. Tecklenburg A.G., Geestmunde, para a Nordeutscher Lloyd, Bremen, com o nome de BULOW, tendo sido colocado na linha do Extremo Oriente, Austrália e Nova Iorque. A 23/07/1914 saiu de Bremen para o Extremo Oriente, tendo sido surpreendido pelo início da guerra de 1914/18, quando navegava em pleno Atlântico Norte, pelo que se refugiou no porto de Lisboa, então porto neutro, como o fizeram um grande número de unidades mercantes Alemãs. Requisitado e confiscado pelo governo de Portugal no ano de 1916, a fim de fazer face à falta de transportes marítimos devido à situação de guerra, foi rebaptizado de TRÁZ-OS-MONTES, passando a fazer parte da frota da então formada empresa Transportes Marítimos do Estado (TME) e por falta de tripulações para equipar o enorme número de vapores apresados foi gerido pelos armador Inglês Furness, Withy & Co. Ltd., até ao final da guerra. Além disso, fez algumas viagens ao porto de Nova Iorque, fretado à Cunard Line, tendo também servido como transporte militar durante o conflito.
Em 1922 ficou inactivo no rio Tejo até ao ano de 1924, altura em que foi adquirido pela Companhia Nacional de Navegação, que o colocou na linha de Moçambique e alguns anos mais tarde na linha da América do Sul com viagens alternadas aos territórios Portugueses de África.
Em 24/04/1931, armado em cruzador auxiliar, o NYASSA larga do Tejo, juntamente com outras unidades navais e mercantes, a fim de desembarcar tropas na Madeira para combater o levantamento militar, que ficou conhecido pela Revolução da Madeira, e que foi derrotado pelas forças governamentais. Em 11/1940 fez várias viagens entre Lisboa e os E.U.A, assim como aos portos do Brasil e Rio da Prata, transportando sobretudo refugiados de guerra e por razões de segurança acabou por amarrar no rio Tejo.
Em 18/02/1943, embora como navio de um país neutro, o NYASSA, quando em viagem do Rio da Prata e Brasil para Lisboa, foi abordado e desviado para Gibraltar pelo corveta Canadiana HMCS REGINA (K-234), por suspeitas de trtansportar contrabando de diamantes para ajudar o esforço de guerra dos Alemães. Confiscada a mercadoria, foi o NYASSA mandado prosseguir viagem.
Em 01/02/1944, o NYASSA demandava o porto de Haifa transportando cerca de 750 Judeus, que se encontravam refugiados em Portugal, e que foi o maior grupo de refugiados chegados à Palestina idos da Europa em tempo de guerra.
Durante o período 2ª guerra mundial, serviu também como transporte de tropas para alguns dos territórios Portugueses do Ultramar.
Em 1946 regressa à rota de Moçambique e em 1949, depois de ter realizado uma viagem em 07/1949, de Lisboa a Macau com escala em vários portos intermediários, fundeou no porto de Lisboa, após a entrada ao serviço dos novos paquetes do seu armador. Em 07/11/1951 chegava a reboque ao Blyth, Escócia, para desmantelamento pelos sucateiros Hughes Bolkow.
02/1913, ainda como BULOW, sofreu um encalhe na costa de Blacknor Point, Portland, Dorset, tendo sido resgatado, após ter aliviado alguma carga, por rebocadores locais.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Nordeutscher Lloyd, Bremen; Skaphandrus; Ships Nostalgia; Miramar Ship Index; Wrecks.
(Continua)
Rui Amaro

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segunda-feira, 23 de julho de 2012

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 245

O PAQUETE PORTUGUÊS “JOÃO BELO” ESCALA O PORTO DE LEIXÕES PELA PRIMEIRA VEZ

 JOÃO BELO / autor desconhecido - colecção F. Cabral, Porto /


A 14/11/1941, pelas 08h00, o paquete JOÃO BELO, recentemente adquirido pela Companhia Colonial de Navegação, vindo de Lisboa, demandou pela primeira vez o porto de Leixões conduzido pelo piloto Francisco José Campos Evangelista, que o foi atracar na doca nº 1 norte, a fim de embarcar carga e passageiros com destino a Angola e Moçambique. A 16/11 cruzava os molhes de saída, orientado pelo piloto Mário Francisco da Madalena, de rumo aos principais portos daqueles territórios Portugueses de África com escala pelo Funchal, Cabo Verde e São Thomé e Principe.
JOÃO BELO – imo 1143111/ 130m/ 6.338gt/ 13 nós/ 340 passageiros; 25/01/1906 entregue por Blohm & Voss, Hamburgo, como GERTRUD WOERMANN à Woermann Linie KG, Hamburgo; 1907 WINDHUK, Hamburg Amerika Linie (HAPAG), Hamburgo; 1919 WINDHUK, confiscado pelo Britanicos como contributo das reparações de guerra e entregue ao Shipping Controller, Londres; 1920 CITY OF GENOA, Ellerman Hall Line, Ltd., Liverpool; 1928 JOÃO BELO, Companhia Colonial de Navegação, Lisboa; 05/07/1950 chegava a Stockton-on-Tees para desmatelamento em sucata.
Este paquete apesar de ter passado por diferentes armadores foi sempre empregue nas carreiras de Africa, e sob pavilhão Português foi o primeiro navio de passageiros digno desse nome e realizou algumas viagens como transporte militar para Angola, durante a 2ª guerra Mundial.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, Miramar Ship Index.
(continua)
Rui Amaro
     
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domingo, 22 de julho de 2012

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 244

RECORDANDO O ENCALHE DO IATE-MOTOR “LENA” NA BARRA DO DOURO


O iate-motor LENA encalhado nas pedras da Eira / O Comércio do Porto /.

21/07/1944 - Há dois anos que as cheias do Douro não fazem sentir a sua benéfica acção na nossa barra, que por tal motivo, está quase impraticável para embarcações de certa tonelagem, fazendo-se as entradas e saídas sempre com as maiores precauções e, por vezes, com certo risco. Com efeito o Cabedelo tem-se espraiado muitíssimo, em direcção à Meia-Laranja, deixando apenas um estreito canal, onde a água corre com extrema violência, durante a enchente e a vazante. Perto dêsse “funil”, notam-se com frequência, violentos estoques de água, que por vezes cortam obliquamente a direcção da corrente principal, dificultando, em extremo, a navegação naquelas proximidades.
Ainda hoje de manhâ, em consequência do mau estado ds barra, se deu um acidente que, só por feliz acaso, não teve graves resultados.
Pelas 08h00, entrou a barra o iate-motor Português LENA, da praça de Faro, propriedade do armador Roque & Filhos, Lda, daquela cidade, conquanto a maré já vasasse, a barra não estava impraticável, para navios de tão diminuto calado – o navio tem apenas 22,73m de comprimento e desloca pouco mais de 70tb – havendo apenas necessidade de maiores cuidados, como prudentemente um grande balão cilíndrico negro içado a meia-adriça no mastro da casa da consulta dos Pilotos, localizada no pontal da Cantareira. A entrada fez-se sem qualquer incidente, mas quando navio tinha já ultrapassado aquele pontal, e ao afrouxar a marcha para passar um cabo à catraia dos pilotos, que ia auxiliar as manobras de atracação, e iria a reboque, com era usual, um forte estoque de água formou-se por estibordo do LENA, imprimindo-lhe uma grande guinada para o bordo oposto.
Rapidamente o piloto António Gonçalves dos Reis e o mestre, Belchior da Encarnação, manobraram o navio de forma a corrigir a guinada, mas tudo foi inútil, pois o pequemo iate-motor foi encalhar numas pedras submersas, existentes naquele local, e que, por constiyuirem uma larga superfície, mais ou menos plana, são conhecidas entre os marítimos pela “Eira”. Acorreu o material flutuante dos pilotos e o respectivo pessoal, que espiaram dois ancorotes, para evitar que o navio, na enchente, fosse impelido mais para cima das pedras. Pouco depois chegava uma barcaça, para a qual começou a ser baldeada parte da carga, constituída por carvão que o LENA havia carregado em Lisboa, consignado à Companhia Geral de Combustíveis e destinada à União Eléctrica Portuguesa.
Durante a baixa-mar o navio ficou quási completamente em sêco, verificando-se que não tinha quaisquer avarias no casco, pelo que na maré seguinte era de prever que o navio reflutuaria, assim acontecendo pelas 15h55, com grande alegria do pessoal de bordo, seguindo depois o LENA para o cais do Terreiro/Estiva, onde acostou sem mais novidade. Graças à sólida construção do navio e ao seu diminuto porte, o casco resistiu perfeitamente ao esforço que lhe foi exigido, não obstante o navio estar quási completamente carregado, e ter ficado encalhado em pedra de laje.
A bordo do LENA as manobras foram dirigidas pelo acima referido piloto de serviço ao navio, e por terra os trabalhos foram orientados pelo piloto-mor Paulino Pereira da Silva Soares e pelo sota-piloto-mor José Fernandes Tato.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior; Jornal O Comércio do Porto.
(continua)
Rui Amaro  

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