sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 275


O VAPOR “SOFALA” IMPEDIDO DE ENTRAR NO PORTO DE LEIXÕES DEVIDO AO SEU EXCESSIVO CALADO DE ÁGUA


O vapor SOFALA prepara-se para acostar à doca nº 1 do porto de Leixões , década de 60  / Rui Amaro /.

A 06/03/1951, o vapor Português SOFALA, acabado de chegar dos portos de Moçambique e Angola, completamente carregado, foi impedido de demandar o porto de Leixões, devido ao seu excessivo calado de água de 29 pés.
Nunca aquele vapor da Companhia Nacional de Navegação, de Lisboa, se apresentara em Leixões com tal calado. Dentro da bacia havia água suficiente para o manobrar, no entanto entre molhes o assoreamento era grande, devido à construção incompleta do quebra-mar do Esporão e às areias trazidas pela maresia e correntes marítimas, que ali ficavam depositadas. Assim, o SOFALA, uma das maiores embarcações que à  época escalavam o porto de Leixões, para atracar na doca nº 1, teve de aguardar por melhor maré e no pico da mesma. Em face da situação o SOFALA permneceu fundeado ao largo da costa, até o sota-piloto-mor Joel da Cunha Monteiro, após sondagens diárias, permitisse a entrada, o que ocorreu passado alguns dias.
Fonte: José Fernandes Amaro Júnior
(continua)
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated. 

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 274


O VAPOR ALEMÃO OCIDENTAL “GUNTHER RUSS” DEMANDA A BARRA DO DOURO ARVORANDO A NOVA BANDEIRA DA SUA NACIONALIDADE


GUNTHER RUSS / brochura do armador /.

A 04/03/1951, pelas 13h00, demandou a barra do Douro em 16 pés de calado, procedente do porto de Bremen, o vapor Alemão GUNTHER RUSS, 64m /999tb, pertencente a E. Russ & Co, Hamburgo, contudo fretado à DDG Hansa, Bremen, transportando carga diversa. Aquele vapor, que visitou o porto do Douro, por algumas vezes, antes do último conflito mundial foi conduzido pelo piloto José Fernandes Amaro Júnior, que a 7 também o conduziu de saída com destino a Lisboa.
Pouco ou nada haveria a comentar sobre aquele vapor, salvo o caso de ter sido a primeira unidade da marinha mercante Alemã a passar a barra do Douro arvorando a nova bandeira da RFA, ostentando as cores preta, vermelha e amarela na horizontal, a qual substitui-o o pavilhão metálico nas cores azul, branco, vermelho, branco e azul, também na horizontal com a letra “C” sobreposta a toda a altura. Este pavilhão foi imposto pelo controlo aliado, após a rendição da Alemanha Nazi.


Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, Blogue Navios à Vista.
(continua)
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated. 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 273

O TRÁGICO NAUFRÁGIO DO IATE-MOTOR “METEORO” QUANDO INESPERADAMENTE SE FEZ À BARRA DO DOURO SEM AUTORIZAÇÃO DE TERRA

       
O METEORO no porto de Leixões / Imprensa diária /

O METEORO é atingido por uma enorme volta de mar que o vai afundar / Imagem de A. Teixeira da Costa /

O iate-motor Meteoro, precedido a pouca distância do navio-motor Caramulo, é atingido por um enorme andaço de mar, que o vai fazer adornar e afundar-se, atirando para as águas revoltas a maior parte da tripulação e o piloto da barra, e tudo levou a crer que os motoristas devem ter ido com o navio para o fundo do oceano. /(c) Imagem de A. Teixeira da Costa, publicada na noticia do JN de 17/01/1947/.


O CARAMULO continua a demandar a barra e pela sua popa o METEORO acabava de submergir, e instantaneamente dava-se um novo liso de mar / imagem de A. Teixeira da Costa /.



O arrojado e desditoso piloto Pedro Reis da Luz /foto de família /. 

A 16/01/1947, pairavam fora da barra vários navios e outros estavam abrigados na bacia do porto de Leixões, dentre os quais o iate-motor Português METEORO, de 28,98m/130tb, que estivera no molhe Sul a descarregar sal vindo de Setúbal.
Dado que a barra do Douro se encontrava impraticável para a saída da lancha dos pilotos P4, todos os navios iriam ser abordados pela lancha P1, da secção de Leça da Palmeira – era uma alternativa que a maior parte do portos Portugueses não possuía, o que lhes restringia o movimento marítimo em ocasiões de mar nas suas barras – pelo que os pilotos, manhã cedo, seguiram para Leça da Palmeira no carro electrico da linha 1, tendo, todos eles, antes recebido instruções do piloto-mor José Fernandes Tato, que em principio haveria movimento para os navios de maior porte e os dois iates-motor, que eram o METEORO e um outro, de que já não me recordo do nome, deveriam vir à barra e aguardar ordens.
Após a usual consulta dos pilotos, no cais do Marégrafo, presidida pelo piloto-mor e verificando-se que a ondulação, embora de andaço, não impedia a entrada dos navios de maior porte, cerca das 09h00 foi içado no mastro do cais do Marégrafo e do castelo da Foz, o grupo de bandeiras relativo ao calado de água de quatro navios de maior porte. Três desses navios Portugueses, aproximaram-se da barra seguidos do pequeno METEORO, tendo tomado a dianteira o vapor OUTÃO, 41m/218tb, seguido do navio-motor RUI ALBERTO, 49m/474tb, que passaram a barra sem grandes percalços, e logo a seguir vem de entrada o navio-motor CARAMULO, 46m/340tb,todos carregados com cimento ensacado, o qual a uma certa distância foi envolvido por forte ondulação, que não lhe causara qualquer contrariedade.
O malogrado piloto deve ter olhado para noroeste, lá para os lados da Longas, e vendo que se ia dar um liso e desobedecendo às ordens do piloto-mor faz-se à barra, tomando a vez do petroleiro PENTEOLA, 53m/544tb, que já vinha no enfiamento da barra e acabou por desandar para fora, ainda com o CARAMULO, ali mesmo à sua proa
e muito possivelmente lhe tolheria os movimentos. O METEORO vinha em lastro, portanto presa fácil da ondulação. A cerca de uns quatrocentos metros da bóia da barra, começa a suportar a forte maresia traiçoeira, aliás já não havia a mínima hipótese de desandar para fora, e atingido por um enorme andaço de mar, riscando na vaga acaba por adornar sobre bombordo e submerge nas águas daquele mar maldito, vendo-se o piloto e a tripulação de convés a debaterem-se com a maresia, desaparecendo um aqui, outro ali.
Gritos lancinamtes de quem presenciava aquele horrendo cenário, naquele local que tantas vezes, tem sido teatro de tragédias semelhantes. Um dos náufragos nadava para a barra mas sentindo que a corrente do rio lhe era desfavorável, teve a inteligência de se deixar ir ao sabor da mesma, nadando para o largo, acabando por ser resgatado pela lancha P1, timonada pelo cabo-piloto Aires Pereira Franco tendo a seu lado o piloto Eurico Pereira Franco, irmãos e tamém cunhados do piloto Pedro Reis da Luz. Um outro náufrago segue o piloto, este de compleição forte, que conhecedor nato da área, nada na direcção do molhe de Felgueiras, infortunadamente recebe uma pancada de um qualquer destroço, e quando está perto do referido molhe bate com a cabeça numas pedras, ficando em dificuldades. O outro náufrago foi resgatado pelo salva-vidas VICONDE DE LANÇADA, da Foz do Douro, sob as ordens do seu patrão Zé Bilé. As lanchas P4 e P2 timonadas, respectivamente pelo sota-piloto-mor Manuel de Oliveira Alegre e motorista Joaquim da Fonseca (Quim do Amaro). O salva-vidas GONÇALO DIAS, da Afurada, também compareceu na barra, além dos rebocadores fluviais MERCURIO 2º e DEODATO, e de Leixões veio o VOUGA 1º. Várias corporações de bombeiros do Porto e Matosinhos acorreram com o seu material de socorros a náufragos e ambulâncias.
Em dado momento, Fernando da Silva Marques (Pacharra), um jovem local de 19 anos, vendo o piloto Pedro Reis da Luz a desfalecer, não hesita, salta para as águas revoltas e nada célere em seu auxilio, alheio a todos ao perigos que o ameaçavam  no meio de perigosos escolhos, ali à entrada do caneiro da praia das Pastoras. As vagas altas como montanhas faziam medo. Munido de uma corda, instruído e auxiliado de cima do paredão pelo velho lobo-do-mar, José Teixeira da Silva (Zé Relojoeiro), possuidor de um palmarés de enorme de número de salvamentos e muito entendido nestas lides e ainda pelo ex marinheiro Ilidio Costa Pinto, além de outros locais, conseguiu trazer o infeliz prático da barra até às escadas de leste do paredão. Uma ambulância levou-o inanimado para o Hospital da Misericórdia (HGSA), onde já chegou sem vida.
Pedro Reis da Luz, 50 anos de idade, casado, prático muito competente há 22 anos, e fora protagonista de vários salvamentos naquela maldita barra, onde veio a parecer, pelo seu arriscado e desnecessário arrojo. A tripulação era na sua maioria Algarvia, dois deles naturais de Ílhavo e um de V. N. de Milfontes. Um jovem da praia da Aguda veio no navio a convite do motorista, seu cunhado, e acabou por perder a vida.
Eu, com os meus 9 anos, e minha mãe nos 40, vivendo aqui junto da barra do Douro, ficamos na maior das aflições, visto constar que era o meu pai, o piloto José Fernandes Amaro Júnior, que conduzia o METEORO, felizmente estava a bordo de um outro iate-motor, o pequeno GUIDA, carregado com carvão, que estava no rio, lugar da Carbonífera do Douro, a aguardar ordens para largar, e ao ver passar os pronto-socorros e ambulâncias em alta buzineira e velocidade na margem de Miragaia, disse para o mestre, olhe já houve naufrágio na barra, e entretanto recebeu informação para não desamarrar o navio e voltar à Cantareira.
O METEORO, que fora construído pelo estaleiro Rijkswerf, Holanda, em 1907 para o tráfego comercial, pertencia à Sociedade de Transportes Marítimos Judith, Lda, Porto, que o colocou no tráfego nacional costeiro, com eventuais idas a Marrocos e Gibraltar, a qual também fora proprietária dos iates-motor JUDITH 1º, CUMPRIDOR e mais tarde do VIANENSE. Havia sido adquirido, tempos antes, ao velejador nacional António Herédia, que o utilizava como iate de recreio sob o nome de NEREIDA, e tivera como seu capitão, João dos Santos Redondo, piloto da barra do Douro e Leixões.
/Blogue NAVIOS Á VISTA 29/05/2008/
(continua)
Rui Amaro
  
ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.