sexta-feira, 19 de abril de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 286


OS VAPORES “SILVA GOUVEIA” E “MINIMO” – ex “MIRA TERRA” FORAM DESMANTELADOS PARA SUCATA NO RIO DOURO

O MINIMO ex MIRA TERRA já varado e o SILVA GOUVEIA a aguardar a sua vez. à direita vê-se a fragata DELMINDA da firma A. J. Gonçalves de Moraes, do Porto /F. Cabra, Porto/. 



O SILVA GOUVEIA já em fase de desmantelamento / F. Cabral, Porto /.


A 05/1954 demandava a barra do Douro a reboque, dois antigos vapores da Sociedade Geral de Comércio, Industria e Transportes, Lda, de Lisboa, ou sejam o SILVA GOUVEIA e o MIRA TERRA, este já com o nome de MINIMO, para aqui se proceder aos seus desmantelamentos, ao fim de 35 anos de intensa actividade, em particular ao serviço daquele importante armador, cujas cores mantiveram durante cerca de 26 anos.
O SILVA GOUVEIA foi retirado do serviço activo em 03/05/1954 e vendido para demolição, e o MIRA TERRA tinha sido abatido em 1952 e adquirido por J. Vasconcelos, Lda., de Lisboa, que lhe alterou o nome para MINIMO, tendo realizado apenas uma viagem, acabando por ficar encostado no porto de Lisboa.
Ambos os vapores vieram para o Porto comprados pela firma de sucatas Rocha Mota & Soares, Lda, sediada na Avenida Diogo Leite, 92/96, V. N. de Gaia, a qual tinha como uma das suas principais actividades a exportação de sucata para as aciarias do norte de Espanha, pois traziam ao rio Douro muitos navios espanhóis, que saiam atolhados, sobretudo de sucata de ferro, e chegaram a ter um grande espaço no cais de Gaia, onde armazenavam a sua sucata. Pois até, com o aparecimento dos fogões de cozinha eléctricos, o fogão a lenha e carvão de minha casa, também foi metido no porão de um desses navios.
Acontece que no porto comercial do Douro, ali para os lados da zona histórica ribeirinha Gaiense, onde se situavam os armazéns daqueles sucateiros, não existiam lugares apropriados para varar navios para desmanche, e o sócio gerente Paulo Soares foi tirar impressões sobre o assunto com o piloto-mor José Fernandes Tato, a fim de lhe indicar um local mais próximo dos armazéns, onde os dois navios pudessem ser varados.
Então, aconselhou-o a ir tirar pareceres com o seu inquilino e vizinho, o piloto José Fernandes Amaro Júnior, e de facto na vinda para sua casa, veio falar com o seu caseiro, que de imediato, lhe disse que o melhor lugar e mais próximo dos armazéns era o banco de areia de Santo António do Vale da Piedade, margem de Gaia, diante da igreja de Massarelos.
Chegados os dois velhos vapores, que foram habituais frequentadores do porto comercial do Douro, foram amarrados no local indicado pelo piloto José Fernandes Amaro Júnior, e pouco tempo depois, foi o MINIMO varado naquele banco e ai desmantelado, e de seguida o SILVA GOUVEIA.
O autor da narrativa, que se lembre apenas três outras unidades de algum porte foram desmanteladas para sucata e outros fins e isso depois da 2ª guerra mundial, ou sejam eles: rebocador AQUILA, estaleiro do Ouro; um caça-minas Inglês, caneiro da Ínsua do Ouro; um submarino Inglês, banco de Massarelos.
SILVA GOUVEIA - imo 5605879/ 72m/ 958tb/ 10nós; 10/1922 entregue por Schiffswerft & Maschinenfabriek ex Jansen & Schmillinsky, Geestmunde, como TAUNUS a Ubersee Reederei GmbH, Hamburgo; 1924 MAX WEIDTMAN, Henry Stahl & Co GmbH, Hamburgo; 1927 MAX WEIDTMAN, Weidtman Linie, GmbH, Hamburgo; 1928 SILVA GOUVEIA, Sociedade Geral de Comercio, Industria e Transportes, Lda, Lisboa; 05/1954 chegava ao Douro para desmantelamento em sucta.
MINIMO – imo 1144392/ 53m/ 510tb/ 9,5nós; 03/1919 entregue por Booy de Hoop, Leiderdorp, NLD, como POELDIEP a NV Hollandsche Vrachtvaart Mij, Roterdão; 1920 POELDIEP, Eclipse Shipping & Trading Co., Ltd, Londres; 1925 WESTMINSTER BRIDGE, Onslow Steamship Co., Ltd, Londres; 1926 PORTO, Sociedade Geral de Comercio, Industria e Transportes, Lda, Lisboa; 1926 MIRA TERRA, Sociedade Geral de Comercio, Industria e Transportes, Lda, Lisboa; 1952 MINIMO, J. Vasconcelos Lda, Lisboa; 05/1954 chegava ao Porto para desmantelamento em sucata.
Fontes: José Fernandes Amaro; Lloyds Shipping Register.
(continua)
Rui Amaro

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quarta-feira, 17 de abril de 2013


D I V U L G A Ç Ã O




domingo, 14 de abril de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 285

RECORDANDO A VINDA AO PORTO DO DOURO DO “NRP BARTOLOMEU DIAS” E DO “NRP TEJO” EM 1952



O NRP BARTOLOMEU DIAS amarrado no lugar do Sandeman, Gaia, rio Douro em 24/05/1952 /(c) Foto Mar, Leixões/.



O NRP BARTOLOMEU DIAS amarrado no lugar do Sandeman, Gaia, rio Douro em 25/05/1952, vislumbrando-se pela sua popa a proa do NRP TEJO /F. Cabral, Porto/.



O NRP BARTOLOMEU DIAS desce o rio Douro de rumo à barra em 02/06/1952 /F. Cabral, Porto/.




O NRP TEJO amarrado à bóia no porto de Lisboa, década de 50 /F. Cabral, Porto/.



A 24/05/1952, e a fim de prestar honras militares ao chefe de estado General Craveiro Lopes, de visita à região do Porto, onde veio presidir à inauguração de várias estruturas públicas e privadas, entre as quais o estádio das Antas, pavilhão dos Desportos, túnel da Ribeira, bairro dos pescadores da Afurada, mercados do Bom Sucesso e de Matosinhos, etc. deslocaram-se ao porto do Douro o NRP BARTOLOMEU DIAS, aviso de 1ª classe, 103,20m/2.478td e o NRP TEJO, contratorpedeiro, 98,15m/1.588td.
Dada a importância daquelas unidades navais, o piloto-mór José Fernandes Tato, reuniu todos os seus subalternos e decidiu, talvez por ser o mais antigo, que o piloto José Fernandes Amaro Júnior ficaria responsável pela pilotagem de entrada e saída do NRP BARTOLOMEU DIAS. No que respeita ao NRP TEJO pediu um voluntário. Ninguém se disponibilizou para tal! Então, o piloto Aristides Pereira Ramalheira toma a seu cargo esse serviço, que para ambos os pilotos seria efectuado fora da escala de serviço.
O NRP BARTOLOMEU DIAS, que chegara pela manhã de 24, dia de bom tempo, demanda a barra em 14 pés de calado cerca das 16h00, não antes do seu comandante ter chamado à atenção do piloto da barra para a responsabilidade daquele serviço. O piloto fez-lhe ver, que tudo iria correr bem, pois já dirigira manobras de navios de maior porte e calado sob péssimas condições de tempo e mar e nos muitos anos, que tinha de piloto da barra, jamais tivera qualquer acidente de vulto, pelo que não estivesse receoso. O imediato do navio, que era do Porto e conhecia bem a barra e o rio, também tranquilizou o seu comandante. Aquela unidade naval foi subindo o rio Douro até dar fundo a dois ferros, ancorote dos pilotos pela popa ao lançante para noroeste, e cabos estabelecidos para margem, no lugar do Sandeman, Gaia, tendo tido apenas a assistência das lanchas do rio P2 e P6. O NRP TEJO não tendo chegado a tempo da maré, demandou a barra no dia seguinte, indo amarrar pela ré do navio-chefe.
O NRP BARTOLOMEU DIAS, que foi a única vez que estivera no rio Douro, era gémeo do NRP AFONSO DE ALBUQUERQUE, perdido em combate no porto de Mormugão, contra uma potencial força naval e aérea da União Indiana, aquando da tomada dos territórios Portugueses da Índia a 18/12/1961, todavia sem arriar as bandeiras de combate de Portugal e fazer subir no mastro o pano branco de rendição, bateu-se até à última munição, apesar de uma única baixa e alguns feridos da equipagem, entre os quais o seu próprio comandante e dos danos sofridos, que originaram a sua perda, provocou avarias graves e várias baixas humanas à elevada força naval inimiga.
Aqueles vasos de guerra deixaram o rio Douro a 02/06/1952, tendo os dois pilotos da barra recebido um louvor pela eficiente condução das manobras de entrada e saída daqueles dois navios. Note-se, que não houve intervenção de qualquer rebocador, quer na entrada ou na largada daqueles vasos de guerra, que para o porto do Douro eram considerados de grande porte.
O NRP TEJO, assim como os seus gémeos DOURO, LIMA, VOUGA e DÃO, já por várias vezes visitaram o rio Douro e numa dessas visitas ficaram os cinco amarrados de braço dado, no quadro dos navios de guerra em Massarelos. Antes da guerra de 1939/45 eram os cabos-pilotos, que se encarregavam das manobras de entrada e saída das unidades navais, tanto no rio Douro como em Leixões.
Fontes: José Fernandes Amaro Júnior, Lista das unidades navais, Imprensa diária.
(continua)
Rui Amaro



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