sexta-feira, 13 de setembro de 2013

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DA CORPORAÇÃO DE PILOTOS DA BARRA DO DOURO E PORTO ARTIFICIAL DE LEIXÕES – Episódio 312





RECORDANDO O INCÊNDIO DO NAVIO-MOTOR BACALHOEIRO “BISSAYA BARRETO” NO SEU ANCORADOURO DO RIO DOURO




Flagrantes do incêndio que destruiu o BISSAYA BARRETO no rio Douro / Jornal de Noticias /.
A 21/01/1950, quando o navio-motor bacalhoeiro de pesca à linha se encontrava amarrado no rio Douro, lugar de Santo António do Vale da Piedade, margem de Gaia, em fabricos para a campanha de 1950 aos Grandes Bancos da Terra Nova e Gronelândia  foi pasto das chamas, sobretudo à popa, possivelmente devido a algum curto-circuito da sua instalação electrica.
 Dado o alarme compareceram de imediato os BSB – Batalhão Sapadores Bombeiros do Porto e os Bombeiros Municipais de Gaia, com o seu material de ataque a incêndios, e também os rebocadores MARIALVA, MANOLITO e MERCÚRIO 2º, e uma vez que o navio estava a ser inundado e adornar  os pilotos da barra decidiram que o BISSAYA BARRETO fosse levado para um lugar de águas pouco profundas, e assim o rebocador MARIALVA coadjuvado pelos dois rebocadores fluviais, conduziram-no para o lugar de Sampaio da Afurada, onde o navio ficou assente num dos baixios, local onde os bombeiros continuaram a tentar extinguir as chamas, que já consumiam a habitabilidade, casa de navegação e casa da máquina, instalações essas que ficaram destruídas.
As duas corporações de bombeiros, somente a 22 cerca da 14h00 é que regressaram aos seus quarteis, abandonando assim, o BISSAYA BARRETO, após extinção das chamas, onde com as precauções necessárias se encontravam de prevenção prontos a acudir e debelar qualquer possível reatamento do fogo, que ali lavrara, com impetuosa e destruidora violência, durante mais de trinta e sete horas, tornando aquele excelente navio bacalhoeiro, sem duvida, uma das melhores e mais bem apetrechadas unidades de pesca à linha da nossa frota bacalhoeira, absolutamente inutilizada para continuar a navegar.
Desde que o incendio foi dado por extinto, a tripulação de bordo com o seu comandante, o capitão da Marinha Mercante, sr. Carlos Fernandes Parracho, ocupou-se, desde logo no arrolamento dos salvados e noutros convenientes e necessários serviços.
Os rebocadores MERCURIO 2º e MANOLITO retiraram-se também ontem de manhã, por se tornar já desnecessária a sua assistência ao BISSAYA BARRETO. Junto do navio sinistrado ficou apenas o rebocador MARIALVA, que se empregou, com as bombas de bordo e um estanca-rios a esgotar a água que havia inundado os porões e a casa da máquina. Em consequência de se encontrar mais aliviado daquele enorme peso de água – o BISSAYA BARRETO, que chegou a adornar a estibordo, com uma inclinação, aproximadamente, de 40 graus – ficou, no dia seguinte, quase na sua posição normal, embora ainda encalhado nos lodosos baixios do lugar de Sampaio, da Afurada. A maneira que daquele navio-motor se iam esgotando a água, foram também aparecendo os estragos produzidos pela violência do fogo – nomeadamente no madeiramento do costado e do convés; na casa da máquina e na respectiva maquinaria; no cavername; nas instalações frigoríficas e na ponte do comando e anexos.
De manhã esteve a bordo do BISSAYA BARRETO a fim de se inteirar da extensão dos estragos e inutilização daquele navio, o sr. Comandante Henrique Tenreiro, presidente da Junta Central da Casa dos Pescadores, e delegado do governo junto do Grémio dos Armadores dos Navios de Pesca do Bacalhau. Acompanhavam-no, além de outras entidades oficiais, e armadores do navio incendiado, o sr. Comandante João Pais, capitão do porto do Douro.
O BISSAYA BARRETO foi depois de ser posto a reflutuar rebocado para o ancoradouro de Santo António do Vale da Piedade, na margem esquerda do Douro, onde estava primitivamente. Ancoradouro esse, destinado aos navios da frota bacalhoeira e onde foi devidamente vistoriado pelos engenheiros-peritos, da Direcção Geral da Marinha Mercante.,

O PARAÍSO na carreira da Gafanha da Nazaré em face de acabamentos 1955 / Jornal de Noticias /



O PARAÍSO no dia do lançamento à água 1955 / autor desconhecido - MMI /. 

BISSAYA BARRETO (1) – imo 5615239/ um dos dois primeiros navios-motor em madeira do tipo CRCB-Renovação/ 51,50m/ 712,15tb/ cerca 10.500 quintais/ 2x Sulzer 500/550hp/ 10nós; 1943 entregue por Benjamim Bolais Mónica, carreira da Murraceira, Figueira da Foz, cuja continuidade foi empreendida em 09/1944 pelos Estaleiros Navais do Mondego Sarl. Na mesma data foi lançado à àgua o gémeo COMANDANTE TENREIRO (1), este naufragado nos Grandes Bancos a 20/06/1946, devido a colisão com um “icebergue”, os dois construidos para a Lusitânia – Companhia Portuguesa de Pesca, Lda, Figueira da Foz. Ambos os navios, embora registados naquele porto da foz do Mondego, descarregavam e hibernavam no rio Douro.
Segundo consta, o BISSAYA BARRETO, semi-destruído, esteve para ser reconstruido num dos estaleiros da Figueira da Foz, mas a proposta apresentada por um ex-autarca de Ilhavo e capitão da marinha mercante, fora irrecusável, e consumada a venda a 27/11/1951, sob o nome de SÃO MAGAYO, a reboque, deixa o rio Douro e entra em Leixões, indo no mesmo dia para a Gafanha da Nazaré, onde fora adquirido por um armador interessado no seu aproveitamento. A 04/1955, após cuidada reconstrução foi lançado á àgua pelos estaleiros dos irmãos Mónicas, Gafanha da Nazaré, com o nome de PARAISO para a Empresa de Pesca de Portugal, Lda, e alguns dias depois seguiu para Lisboa, a fim de marcar presença na usual cerimónia religiosa da Benção dos Bacalhoeiros, rumando de seguida para os pesqueiros da Terra Nova e Gronelância; 1956 RIO ANTUÃ, e mais tarde foi convertido em navio de pesca com redes de emalhar; 02/09/1973 náufraga devido a incêndio nos Grandes Bancos da Terra Nova, tendo a companha que se abrigou nos botes, sido resgatada pelos navios-motores CONCEIÇÃO VILARINHO e SENHORA DA BOA VIAGEM, passado cerca de seis horas, devido à distancia que separava aqueles navios da área do sinistro. 
Fontes: José Fernandes Amaro Junior, Lloyd’s Register of Shipping, Reimar. Blog Marinheiro Jimmy, Museu Maritimo de Ilhavo (navios), Jornal O Primeiro de Janeiro.
(continua)
Rui Amaro

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